sábado, 26 de junho de 2010

GURUS E KUNDALINI

GURUS E KUNDALINI


fonte- http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2007/07/gurus_e_kundalini.html

qua, 25 de julho, 2007

Antigos textos filosóficos do Shivaísmo da Caxemira ensinam que o universo inteiro é a expansão de Deus, e demonstra como um ser humano pode perceber sua identidade com o Princípio divino onipresente. De acordo com os textos shivaítas, a Realidade suprema realiza cinco funções cósmicas:

Criação;

Sustentação do Universo;

Dissolução do Universo;

Ocultação da verdadeira natureza deste mundo;

Doação da graça, através da qual os seres humanos são capazes de perceber a verdade sobre si próprios e sobre o universo.



Pois bem. O Shivaísmo descreve o Guru como a personificação da quinta função cósmica de Deus, a de outorgador da graça. O Guru humano é, em suma, um veículo para este quinto processo cósmico, a descida da graça. Por ter fundido sua consciência individual com o Divino, o Guru pode servir como um puro canal pelo qual flui sua energia pura. E esta energia que desperta e guia a Kundalini, o poder infinito do mundo, que pode tomar qualquer forma.



Quando falamos em Guru, imaginamos imediatamente alguém com um turbante, de fraldas e sem camisa, falando como o Yoda. Isso pode até ser realidade em alguns pontos da Índia, mas não encontramos Gurus apenas lá. O termo Guru significa professor, mestre, em sânscrito. Mas há a interpretação, tão antiga quanto o termo, de que "a silaba GU significa sombra; A silaba RU, aquele que dispersa". Assim, o Guru é aquele que dispersa a escuridão através da luz. Segundo a tradição shivaísta, "O Guru é o poder outorgador da Graça de Deus". Buda é o Guru dos budistas. Moisés foi o Guru dos judeus. Jesus, o dos cristãos. Sócrates representou bem esse papel, dentro da sua sociedade (mais racional e menos religiosa). Então, como entrar em contato com o Divino, se todos esses gurus morreram? Primeiro, sabemos que o tempo e espaço são ilusões. Embora não possamos vencer essa barreira com facilidade, manifestações da essência espiritual existem e acontecem com relativa freqüência, especialmente com os Siddha Gurus (Mestres perfeitos). Quando Jesus disse "Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mat 18:20) estava falando justamente dessa natureza transcendente da Força Divina manifestada na Terra através de um veículo (no caso, Jesus). Assim, quando um buscador espiritual possui uma relação espiritual intensa com um grande Mestre, não raro experimenta a presença do mesmo, até mesmo como algo físico, palpável. Há vários casos assim com Sai Baba, Santos católicos, Saint Germain, e há aqueles que dizem ter sentido a presença até mesmo de Jesus (e quem somos nós para duvidar?). Segundo, os Gurus comumente procuram manter viva a tradição, ao passar a Energia Divina (num processo que se chama, na Índia, de Shaktipat) para algum discípulo. Isso aconteceu com os apóstolos de Jesus, no Pentecostes (e como a Igreja Católica se considera uma extensão apostólica, o Papa seria o equivalente ao Guru da linhagem do Cristo). Platão foi o Guru da tradição de Sócrates. Os Rabinos são Gurus da tradição de Moisés. O Dalai Lama, do Buda, e por aí vai.



Segundo as escrituras da tradição hindu, a maneira mais fácil e segura de despertar a Kundalini é através da graça de um Mestre plenamente realizado, ou Guru. Swami Muktananda, Guru da Siddha Yoga, escreveu: "Apenas um médico é qualificado a dar remédios, um advogado a exercer a lei, um professor a ensinar. Do mesmo modo, só um Guru pode ativar a Kundalini". Um aforismo da tradição Kundalini diz: "Um Guru deve ser iluminado, deve romper todos os bloqueios (interiores) e deve transmitir e controlar a Shakti (energia espiritual)". No entanto, não é suficiente para o Guru apenas despertar a Kundalini; o Guru também controla e regula o processo até que o discípulo alcance a realização final do Ser, ajudando-o também a remover todos os bloqueios e obstáculos no caminho.



Assim como o rosto aparece claramente num espelho sem manchas, da mesma forma, o Ser brilha em todo o seu esplendor na mente purificada por Shaktipat

Por vezes o Mestre nem precisa estar presente para que haja a transferência. Basta ter um objeto impregnado com a Shakti dele. O filósofo Amir Khusrau recebeu a energia através das sandálias do grande santo sufi Nizamuddin. Kabir também recebeu o seu despertar pelo toque involuntário nas sandálias de seu Guru (Ramananda). Se a pessoa é merecedora, e tem grande amor e fé pelo seu Guru, ela recebe com facilidade sua Shakti.



Através de Mestres perfeitos, o poder da graça sempre fluirá para aqueles que verdadeiramente a procuram

Existe um caso fascinante na Bíblia:



Ora, certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia, e que tinha sofrido bastante às mãos de muitos médicos, e despendido tudo quanto possuía sem nada aproveitar, antes indo a pior, tendo ouvido falar a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe o manto; porque dizia: Se tão-somente tocar-lhe as vestes, ficaria curada. E imediatamente cessou a sua hemorragia; e sentiu no corpo estar já curada do seu mal. E logo Jesus, percebendo em si mesmo que saíra dele poder, virou-se no meio da multidão e perguntou: Quem me tocou as vestes? Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te aperta, e perguntas: Quem me tocou? Mas ele olhava em redor para ver a que isto fizera. Então a mulher, atemorizada e trêmula, cônscia do que nela se havia operado, veio e prostrou-se diante dele, e declarou-lhe toda a verdade. Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre desse teu mal.

(Marcos 5:25-34)

Este foi um caso onde a Shakti (energia do Cristo) que emanava de Jesus obedeceu claramente ao comando de OUTRA pessoa ("tua fé te curou"), sem que houvesse a uma intervenção consciente (um direcionamento) por parte de Jesus. Assim, fica mais do que claro que o Guru não apenas controla essa energia, como a irradia indiscriminadamente. Recebê-la ou não é mais uma questão do receptor da Graça do que do doador, como se vê:



E eis que uma mulher cananéia, provinda daquelas cercania, clamava, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim, que minha filha está horrivelmente endemoninhada. Contudo ele não lhe respondeu palavra. Chegando-se, pois, a ele os seus discípulos, rogavam-lhe, dizendo: Despede-a, porque vem clamando atrás de nós. Respondeu-lhes ele: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então veio ela e, adorando-o, disse: Senhor, socorre-me. Ele, porém, respondeu: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Ao que ela disse: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: ó mulher, grande é a tua fé! seja-te feito como queres. E desde aquela hora sua filha ficou sã.

(Mat 15:22-28)



O DESPERTAR DA KUNDALINI



Do mesmo modo que a Shakti criou o universo e o permeia, ela também criou o corpo humano e o permeia, da cabeça aos pés. Assim como ela se irradia do centro do universo, da mesma maneira a encontramos no centro do nosso corpo, no chakra müladhara, na base da coluna. É de lá que ela controla e mantém todo o nosso sistema fisiológico, através de uma rede de 720 milhões de nadis (caminhos energéticos, assim como as veias são o caminho do sangue). De acordo com as escrituras yoguis, essa raiz tem sete centímetros e meio de comprimento, dentro da qual a shakti reside de forma sutil, enrolada três voltas e meia (e por isso mesmo é chamada de Kundalini: "aquela que está enrolada"). Ou seja, a Kundalini é a Shakti "enrolada", e funciona como a "central energética de nossa energia Divina".



A Kundalini é o suporte de nossas vidas; é Ela que faz tudo funcionar no corpo. Sem Kundalini, nós morreríamos. O que chamamos de "ativar/despertar a Kundalini" é na verdade provocar uma irradiação de energia maior do que a "normal".



Como é uma energia densa, pouco sutil, e irriga principalmente os centros sexuais, ela é normalmente usada para o sexo (a força-motriz da espécie animal), mas nada impede que nós, pela VONTADE, direcionemos o grosso da Kundalini para outras funções, como religiosidade, carisma, oratória, esportes, etc. Por isso que algumas pessoas literalmente "transbordam" energia em algumas atividades, e se destacam por conta desse redirecionamento de "prioridades". Hitler, por exemplo, tornava-se um gigante, um vulcão transbordante de energia, quando em sua oratória, e com isso conseguia um imenso poder de persuação/intimidação, envolvendo seus ouvintes em algo que eles não podiam definir, mas ao qual ninguém ficava indiferente; já quando não podia falar, era sempre considerado por quem não o conhecia como esquisito, franzino, ridículo, apagado.



O "perigo" da ativação da Kundalini é que essa dose extra de energia potencializa tanto seus pensamentos bons quanto seus pensamentos maus. E tudo o que pensamos, "Criamos", de certa forma, e atraímos pra nós (Hitler, novamente, serve como ótimo exemplo de como não usar sua Kundalini). Aconselha-se, então, purificar (ou pelo menos "domar") primeiro sua mente, e buscar ativar a Kundalini só depois.



Há muitas maneiras de despertar a Kundalini. Ela pode ascender por meio de uma intensa devoção a Deus, pela repetição de um mantra ou pela prática de exercícios de Yoga. Em alguns casos, o aspirante pode até experimentar um despertar espontâneo (segundo Muktananda, devido ao mérito acumulado com as sadhanas - práticas espirituais - em vidas passadas). Mas casos como Hitler, Rasputin e outros magos trevosos com nítida influência da Kundalini nos mostra que a coisa pode ser muito mais natural (e distanciada das "boas práticas") do que se pensa.



Nas Igrejas Evangélicas vemos os fiéis se "descontrolarem" e experimentarem sensações transcedentais, muito parecidas com relatos de êxtase de devotos de religiões hindus ou xamânicas, que mergulham em estados alterados de consciência e de fusão parcial com o TODO. Isso não quer dizer que eles atingiram a iluminação, ou que a Kundalini deles esteja plenamente ativada. Não. Isso são "erupções kundalínicas", ou seja, um pequeno despertar dessa energia represada, ainda sem controle. É um começo. Mas o perigo mora ao lado, pois quando uma pessoa se vale de processos químicos (naturais ou não) ou bioenergéticos pra atingir um estado de êxtase, corre o risco de enfrentar transtornos bipolares (infelizmente muito comum nos meios esotéricos). Lázaro Freire, da lista Voadores, faz um paralelo entre aCender (como se fosse um foguete no rabo) e aSCEnder a Kundalini:



Quando o que se dá é mais pirotécnica fenomenológica, ecos de práticas passadas, conseqüência de uso de drogas ou chás, fenômeno bioenergético - mais do que consciencial - o que ocorre é que temos "espirros" kundalínicos, como se algo incandescente fizesse uma bolha estourar e subir. A energia nesse caso vai até o granti (nó) de uma só vez, e nos proporciona uma sensação (distorcida) de fusão com o todo, ainda assim prazerosa - mas com retorno à mediocridade pouco tempo depois. Quanto mais forçada for essa subida, mais consequências negativas pode ter, tanto na parte bioenergética, quanto nos surtos patológicos, quanto na dificuldade em lidar com o mundo, depois.

É por isso que vemos, por exemplo, tantos usuários de chás tornando-se bipolares e depressivos logo após sua fase maníaca de felicidade induzida, ou neo-fundamentalistas, com uma agressividade que pouco tem a ver com a paz e união que diziam ter encontrado - do mesmo modo, é comum se perderem em antigos mitos (projeção psicótica) e crendices religiosas (neo catolicismo xamânico após surto esquizofrênico). Ou pior, terem desagradáveis encontros com sua sombra.



Já um desenvolvimento normal, por práticas espirituais e mudança consciencial, não têm conseqüência negativa alguma, e as coisas sobem de um modo que não mais precisarão descer. Pelo mesmo motivo que a pedofilia é crime, mas a sexualidade torna-se natural quando nosso desenvolvimento hormonal e físico atinge um determinado patamar.

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